Uma pedra na mão

Antonio Miranda Fernandes 

Que estranha fome levou o homem,
A interromper a caminhada,
Na poeira do tempo,
Com uma pedra na mão...
Pensaria ele em transformá-la num pão?

Que insatisfeito desejo levou o homem,
Com uma pedra na mão,
Nos confins do mundo,
A sufocar um grito profundo,
E desejar que ele fosse um beijo?

Esse homem olhando coisa alguma,
Conheceu a própria nudez e sentiu a dor da falta...
Os lábios gretados pela sede saberam
E souberam... a honra de um nome.

Ele olhou o vazio,
E quis que o telhado do mundo não fosse de vidro,
Nem as janelas tivessem os reflexos do medo.

Ele não queria estilhaçar segredos.

Sem olhar para trás,
Ele queria a pedra que macerou os seus pés
De volta ao chão.

Ele havia querido tudo...
Agora... apenas...
Um pouco mais que nada,
E retomar a caminhada em paz.

Queria prosseguir antes que a vida lhe pedisse
Para adiar o coração e ele não podia.