Pulhas
Antonio Miranda Fernandes

Nunca soube que pensador é oficio.
Refiro-me àquele que pensa...
Que reflete...

Sei do que faz curativos em feridas.

Detive-me sobre o poema
Brotado de mim quase por obrigação,
E tecido tal qual nasceu,
Para falar de letras excluídas.

Eu o queria entender...

Estaria nele o escape a qualquer custo?
A qualquer dor?
Dos momentos de politicagem
Carregados de mentiras e ganância
Impingidos à força?

Sangrei por meu povo
Tangido por uma estrada tingida de tinto crer.

Virá algum dia totem que lhe tenha dó?

Provei da adaga algoz
No ferro que brotou com o meu sangue.

O cuspi no pó,
Onde estavam as faces dos pulhas.

A pausa se fez pauta e se fez silêncio...