O cimbrar do esteio

Antonio Miranda Fernandes 

O paladar dela fez-se secreto...
A voz dela fez-se ferina como tantas outras...
E o jeito dela se mostrar sedutora,
Ia além das aparências quando nada mais
Pensavam ter para dizer,
Ainda brotavam enganadoras falas.

Tríade da essência na espremedura do tempo,
Que dizia não saber como se tinha permitido...
O gosto do fel depois de saboreado o favo...
O quebrar da varinha de condão
De influência benéfica.

Nos versos que ele teimava fora do resto,
Insossos fragmentos feitos pedras de gelo,
Sobre a incapacidade de ela lidar com o calor
Da paixão que emanava de ambos.

O prenúncio soou como sinfonia da partida,
E roubou-lhes o amor de forma violenta,
Esquecendo todos os argumentos possíveis.
Cobranças dela sem nada de seu ter oferecido...
Apenas o cristal lançado no ar.

Ele já não a reconhecia...
Perdeu-se da sua aparência no cansaço da
Procura atrás de cada cortina...
Dentro da boca de cada dragão cuspindo fogo
E palavras insistentes, vãs, e repetitivas...
No que não deviam.

Ele tornou-se ausente no vazio que sentia.
A leviandade dela corrompeu a boa imagem que
Ele tinha, restando apenas, sinais no coração,
Na pele, e as promessas ao vento.

Ele não tinha mais sonhos a oferecer,
E já vivia o prelúdio dos passos no caminhar
De outros modos.
Ele não chorava a felicidade que não veio...
Emudecido pela dor, não mais insistia...
Era o cimbrar inesperado do esteio.