Cães vadios
Antonio Miranda Fernandes 

Um homem triste 
caminha sozinho pela melancolia da rua negra 
onde cães magros ladram 
para os piados lôbregos da coruja.

Latem e assentam os traseiros na poeira 
para coçarem as orelhas feridas e sarnentas, 
arreganhando as bocas de dentes amarelos.

Ladram para o homem apático 
que segue seu destino, afastando-se de ser 
a razão de enganoso júbilo na vida desprezível 
dos cães vagabundos que velam latas de lixo.